Quinta-feira, 11 de setembro de 2014
Ter uma casa-contêiner ainda é algo que soa estranho para muitos brasileiros. |
Por Thaís Teisen – Redação CicloVivo
Ter uma casa-contêiner ainda é algo que soa estranho para muitos brasileiros. Mas, não para a paranaense Eloisa Cristina Leoni Moretti. Inspirada em um modelo de construção que já é comum no exterior, ela e o marido decidiram inovar quando foram construir uma casa para passar as férias.
A ideia de usar o contêiner como matéria-prima surgiu a partir da necessidade. O terreno que abrigaria a residência estava em uma área afastada, o que elevaria muito os gastos, os problemas com a compra e transporte de material e também com a mão-de-obra. Assim sendo, a solução foi planejar uma casa móvel, que fosse construída em um local e apenas transportada para a sua destinação final.
“A princípio encontramos bastante resistência”, explica Eloisa, em relação ao apoio de especialistas na área de construção civil. Segundo ela, as pessoas enxergavam o projeto com desconfiança. “Eu tive que convencer um engenheiro amigo nosso”, comenta.
O resultado comprova que valeu a pena arriscar. Em apenas 45 dias, o contêiner, que antes fora descartado, se transformou em uma casa totalmente pronta e, inclusive, mobiliada. A moradia conta com dois quartos, banheiro, cozinha, sala e oferece as mesmas funcionalidades de uma residência tradicional.
O melhor de tudo foi a praticidade que o projeto permitiu aos seus criadores. Se manter um canteiro de obras em uma região afastada era um problema, com a ideia da casa móvel a única preocupação foi com o transporte da residência finalizada até o seu destino final. O que significa quase nada, se comparado ao processo de uma construção tradicional.
Segundo Eloisa, a casa rodou 250 quilômetros em um caminhão guincho até chegar ao terreno da família. Esse percurso foi feito com a casa exatamente pronta para morar, com todos os sistemas, louças e mobílias instalados. “Se você tiver uma casa contêiner, você simplesmente muda. Você pode leva-la para onde quiser”, informa a paranaense, que acrescenta os ganhos financeiros do processo. Segundo ela, um benefício importante é a possibilidade de vender o terreno sem perder um centavo deixando a construção para trás.
O projeto é totalmente sustentável. A substituição da estrutura tradicional pelo contêiner representa uma redução enorme na quantidade de materiais usados na e, consequentemente, dos resíduos gerados. Mesmo tendo instalado paredes de drywall, pisos e azulejos por toda a extensão interna da residência, Eloisa garante que o resíduo final não chegou a um balde de 50 litros.
Outras soluções também foram aplicadas para minimizar o impacto ambiental do projeto. A pintura externa, por exemplo, é feita com tinta refletiva, que reduz em até 15ºC a temperatura interna. Além disso, o projeto conta com ventilação cruzada. Dessa forma, mesmo que a residência possa receber a instalação de sistemas de ar-condicionado, ele se torna praticamente desnecessário. A estrutura ainda conta com iluminação de LED, que torna o uso da eletricidade mais eficiente, e toda a tubulação foi feita para suportar água quente, assim é possível instalar sistemas de aquecimento solar, se necessário.
A casa-contêiner possui pouco mais de 30 metros quadrados, área semelhante à de um apartamento de um dormitório. Isso não significa que ela seja apertada. A divisão dos ambientes é feita de maneira a deixar os moradores confortáveis e a altura do contêiner também é favorável a isso. A paranaense explica que eles optaram por um contentor mais alto, assim o pé direito da residência é de 2,90 metros de altura.
Foto: Acervo pessoal/Eloisa Moretti |
O que começou como uma ideia quase maluca se tornou atividade profissional. Após ter a casa finalizada, a desconfiança das pessoas ao redor acabou. Hoje Eloisa recebe encomendas e tem até mesmo um contêiner em exposição na cidade de Porto São José, no Paraná. As casas-contêineres são comercializadas a R$ 60 mil já mobiliadas e prontas para morar.
Redação CicloVivo